Acordei pensando que ainda dormia. Até tentei acordar daquele suposto sonho dentro qual despertara, mas foi tudo em vão. Eu já estava desperto, apenas precisava me dar conta de que, se fosse um sonho eu não sentiria uma dor tão real ao acertar a quina de um móvel com o dedão do pé. Assim, diante de tão contundente evidência de que não estava sonhando, larguei daquela leseira matinal e fui me lavar. Felicidade é acordar cedo e ter água disponível para se tomar um bom banho.
Olhei tanto para o meu reflexo no espelho, que senti que era capaz de conversar com aquele outro eu. Até tentei, mas o outro apenas imitava o movimento dos meus lábios, e tudo o que eu ouvia era a minha própria voz. Não tive as respostas que tanto queria, voltei a fazer a barba. Felicidade é terminar de fazer a barba e não ter nenhum corte no rosto.
Depois de me vestir fui tomar café (não sei se tem ordem certa para essas coisas, às vezes tomo café antes do banho ou entre o banho e o ‘me vestir’). Café com leite, pão francês e um bocado de fome. Felicidade é ter com que se quebrar o jejum.
Escovei os dentes e deixei a casa em paz e fui esperar pelo ônibus. Não demorou muito eu já estava a caminho do trabalho. Chegando lá fiquei pensando na satisfação que podemos encontrar nas pequenas coisas, e na nossa falta de atenção ao fato de que essas mínimas satisfações são alguns dos retalhos que compõem uma grande colcha chamada felicidade.
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