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sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não vou cobrar de você



Não vou cobrar de você
O beijo que me negou
O dia que esqueceu
O sonho que não sonhou
A flor que não recebeu
O afago que me faltou
Carta que não escreveu
Cartão que nunca mandou
Não faço por merecer
Não vou cobrar de você
O amor com que não me amou

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Caindo no esquecimento



Hoje cheguei do trabalho muito estressado. Quase sempre chego assim, mas não é todo dia que se leva uma advertência; eu não devia ter acordado hoje ou, pelo menos, não devia ter ido trabalhar.

Assim que cheguei em casa, o vizinho me disse que cortaram minha luz, chegar a noite em casa e ficar no escuro ou à luz de velas ou de um candeeiro, sem televisão, sem computador e sem poder abrir a geladeira muitas vezes (embora nem sempre encontre o que comer ou beber dentro dela, exceto água) é algo insuportável, mas vou ter que superar isso também.

Chequei a caixa de correspondências e vi que o carteiro "trabalhou pra mim" hoje. Muitas cartas: cartas de bancos, das operadoras dos cartões de crédito, do candidato do partido tal, e uma carta de uma Maria que eu não conheço; não sei pra quem ela queria mandar essas cartas (todas vêm endereçadas ao "Papai"), mas chegam no meu endereço. Já joguei muitas fora, mas vou abrir esta. Vejamos o que diz:

"Querido papai, hoje estou completando treze anos. A mamãe pediu pra eu desistir de escrever pra você, mas eu não canso de escrever ou de esperar uma carta sua. Faz dez anos que o senhor foi embora; eu nem lembro da sua voz, mas eu gostaria de ouví-la cantando 'Parabéns' pra mim. Espero que um dia isso aconteça, também espero que o senhor esteja bem; esteja onde estiver.
A mamãe está em outro trabalho, e agora ela tem mais tempo pra mim. Se puder, venha nos visitar algum dia.
Beijos, da sua Maria."

Se eu fosse esse cara, voltaria pra família agora mesmo. A filhinha vai fazer treze anos, e ele nem mora aqui pra ler a carta. Se eu parecesse com ele, eu passaria alguns dias por lá; lá deve ter televisão, computador, geladeira e comida, e talvez tenham alguma bebida decente também. Mas não posso me passar por pai dessa menina.

Vejamos esta outra carta. O remetente tem o mesmo sobrenome que eu; será que é algum parente distante? Pode ser um golpista; mas se for, eu não tenho nem onde cair morto mesmo. A carta diz:

"Querido mano. Desculpe-me por não ter lembrado de enviar seus remédios para memória. Espero que não tenha esquecido de muita coisa, afinal, você deve estar sem tomá-los há uns 3 meses. Eles devem chegar três dias depois da carta. Minhas sinceras desculpas..."

Se eu não fosse macaco velho, eu cairia em uma dessas.

sábado, 23 de agosto de 2008

O beijo dos sonhos



Esse sorriso nervoso, essas bochechas vermelhas; será que ela não gostou do beijo? Eu devia pensar que sim, devia me preocupar apenas com o que eu senti; se ela achou ruim, problema dela. Mas eu sempre quero fazer tudo da melhor forma.

Lembro-me da primeira pipa que eu fiz, tão boa que os garotos mais velhos da turma me espancaram e a tomaram de mim. E os desenhos das aulas de artes, a professora dizia: "Você devia usar a sua criatividade, e não ficar copiando com carbono". Só porque eu desenhei uma capa idêntica à do gibi do Batman (tinha código de barras e tudo) apenas olhando por outra. Sem esquecer de como eu arrumava minha cama ao acordar, de como organizava meus brinquedos, como prestava atenção às aulas e, era capaz de ministrá-las na íntegra para os colegas que faltassem. Sempre me esforçando para ser o melhor possível. E agora não vai ser diferente.

Eu não vou perguntar a ela se ela gostou; fica chato, né? Eu nem sei o que fazer. Ops! O pai dela chegou; seria capaz de me castrar se sonhasse que eu acabei de beijar a filha dele. Então, é hora de ir. E vai ficar o dito pelo não dito. Acho que quando eu chegar em casa, ela vai ligar acabando o namoro ou então vai me pedir pra voltar correndo (assim que o pai dela dormir, claro). Ou esse beijo foi muito ruim ou foi muito bom.

Chegamos ao portão. É hora de dizer 'tchau'. Ela está me olhando como quem quer dizer algo. Eu não resisto a esse tipo de cena. Tenho que fazer alguma coisa; vou reagir.

Pergunto: "E aí? Nos saímos bem de 'primeiro beijo'"?

Ela diz: "Eu diria que você beijou muito mal, só pra pedir pra você tentar de novo, e repetir a dose"!

Que maravilha! Seria um final maravilhoso para esse encontro se eu não acordasse com minha mãe me chamando pra tomar café, e não estivesse agarrado com esse boneco do Rafael das Tartarugas Ninja. Será que eu beijei ele?

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O que fizemos



O que fizemos de nós dois ontem e depois? Fizemos tudo menos o certo; deixamos de lado nossos sentimentos e desistimos dos nossos sonhos. Apostamos no individualismo egocêntrico, fizemos pouco caso dos nossos votos de fidelidade; rasgamos as fotos um do outro e queimamos os pedacinhos. E cada um quis seguir seu caminho, morremos ali.

Eu não paro de beber e já fumei tanto que nem sei se ainda tenho pulmões. Não pago as contas, me alimento muito mal, evito os amigos; nada tem graça sem você, é por isso que tento me destruir.

Você devia ter escolhido outra hora para partir, mas eu te perdôo; você não poderia evitar, ninguém poderia. Agora eu estou pensando alto aqui neste ônibus e o passageiro do lado, não sei se você escutou, disse baixinho: "Você deveria tentar reatar com ela". Ele está quase certo; eu tentaria se você não estivesse nesta urna e, eu não estivesse indo te espalhar nas águas daquele lago do parque onde nos encontramos pela primeira vez.

O que fizemos de nós dois?

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A morte do garoto soltador de pipas



O garoto que solta pipa sobre a lage do seu barraco é inocente. Ele não sabe que seu irmão mais velho é traficante (culpado), ele não imagina que sua irmã é usuária de drogas (vítima do tráfico?) e esposa (cúmplice) de bandido (culpado), ele nem sonha que seu tio é o chefe do tráfico (culpado) no morro.
Ele é apenas uma criança: brinca, se diverte, ri. Não brinca com o perigo, não precisa de drogas pra se divertir e nem ri das desgraças dos outros: ele é inocente.
Mas a vida é mesmo estranha (injusta). Um dia a polícia entra no morro: vai fazer justiça. Os policiais mandam o aviso:
- Estamos indo buscar "o nosso".
Os traficantes respodem:
- Pode vir, pode chegar!
E eles se encontram, e a lei e o crime têm seu romance, mas todos sabemos que é uma relação baseada apenas em "interesses" e, não em sentimentos.
Os amantes estão frente a frente, ambos armados. Eles conversam, fazem contas e se desentendem:
- Tá faltando um pedaço aí! Diz a lei.
- Você devia se dar por satisfeito! Responde o crime.
A lei é dura, não cede fácil e insiste:
- Mais tarde eu venho apanhar o restante.
- Se vier vai 'apanhar' mesmo, e vai apanhar feio!! Diz o crime em tom de ameaça.
A lei responde:
- Você sabe que vai ter troco, né? Bateu, levou.
Os amantes se separam, estão brigados. Mas vão se reencontrar mais tarde.
De madrugada a lei volta. Vem de mansinho ganhando terreno. O crime percebe e reage: a guerra começa.
Daí são tiros, explosões e gritos. E foge o chefe do tráfico e, foge o ladrão e sua mulher usuária de drogas, e foge o traficante. Mas o garoto soltador de pipas fica: fica e morre.
E ficam as palavras a justificar os fatos: a lei "combate" o crime e, nesse combate, os culpados fogem e inocentes sempre morrem.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O enigma da vida



Um viajante caminha pelo deserto. A água que carrega está por acabar, seus pés estão inchados e cheios de bolhas, seu rosto está queimado pelo sol. O calor lhe rouba as forças, mas ele prossegue, quer buscar o conhecimento para que possa dividi-lo com seu povo: quer refinar o conhecimento dos seus compatriotas.
Chega ao local indicado, deveria achar um templo ali, mas só vê ruínas. Daí ele exclama:
- Que vida difícil esta minha! Esperava achar um templo aqui e, passaria alguns dias aos pés do alto sacerdote aprendendo a cultivar o conhecimento, retendo os saberes que promovem a vida... e tudo o que acho aqui são estas ruínas!
De repente um redemoinho se forma, a areia sobe do chão e parece tomar forma. Uma esfinge surge e, com estrondoza voz, diz:
- Tenho para ti um enigma, viajante!
O homem cai sobre seu rosto e, apavorado, pensa:
- Venho buscar conhecimento, agora serei testado no que conheço...
A esfinge continua:
- Dois pais e dois filhos saíram para caçar búfalos. Cada um deles derrubou um búfalo e nenhum teve o mesmo por presa. Entretanto, somente três búfalos foram abatidos. Como se explica isto? Decifra-me ou devoro-te!
O homem responde rapidamente:
- Dois pais e dois filhos, três homens: Um avô, um filho e um neto!
- Muito bem, salvaste tua vida! Respondeu a esfinge.
O homem, então, diz:
- Oh, sábia esfinge! Não me tomes por insolente. Teu conhecimento é maior do que o meu, já que respondi teu enigma, poderias responder-me uma pergunta?
A esfinge concorda em responder e, o homem pergunta:
- Qual é o sentido da vida?
A resposta desta pergunta o faria um homem muito sábio, assim ele poderia guiar o seu povo na direção correta.
Então a esfinge responde:
- Morra e saberás.
E, matando-o, o devora.

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