As mãos tremiam, frias e suadas. Era a sua primeira vez, a primeira vez que matava alguém. Aquele sentimento novo era um misto de liberdade e culpa, ela sentía-se diferente da menina meiga e paciente que sempre foi. Agora parecia mais forte. Será? Na verdade tinha uma aparência ameaçadora. Olhos esbugalhados (não acreditava no que havia feito), postura que lembrava um zumbi (o fato de ser esguia ajudava nesse sentido), cabelos engrenhados, andar trôpego. Não era uma heroína, era uma menina meiga e paciente que havia matado alguém e, estava tão assustada com isso que se transfigurara.
Quantas vezes havia passado por aquele caminho e quantas vezes havia cruzado com aquele homem? Ele sempre a elogiava e, apesar de ele ser um homem e ela uma bela jovem, nunca havia se insinuado para ela. A respeitava como a uma filha. Ela por sua vez o admirava muito, o via como um grande homem, um herói. Ela o amava secretamente, sentía-se presa àquele sentimento e temia que fosse a público. Não queria que ele soubesse, pois ele era mais velho que ela e não faria caso dos seus sentimentos, assim ela pensava. E quanto mais o tempo passava, mais aumentava a força daquele sentimento, agora havia ciúme, a paixão tomara conta dela. Sabe-se que certos sentimentos quando não expressados tornam-se mais fortes, crescem desordenadamente como células cancerígenas. As conseqüências daquele turbilhão de sentimentos eram imprevisíveis, mas aparentemente ela se continha.
Naquele fatídico dia, ela estava passando pelo caminho de sempre quando o viu de mãos dadas com outra moça que aparentava ter a sua idade. Ele a tratava carinhosamente, fazía-lhe cafunés, ambos riam muito, pareciam mais um "casal satisfeito". Ela não suportou ver aquela cena. Sempre se esquivara de declarar o que sentia, achava que não seria levada a sério, mas agora havia visto uma moça como ela sendo tratada carinhosamente pelo homem ao qual amava.
"Se não pode ser meu, não será de ninguém!". Com essa frase ela retornou a sua casa, tomou a arma de seu pai, voltou ao local onde a cena ainda se desdobrava e, quando os dois se despediram, esperou que a moça tomasse um ônibus e aproximando-se do amor da sua vida, matou-o friamente. Atingiu-o a queima-roupa no peito. E agora estava lá, parada junto ao corpo, sentido-se livre da prisão dos sentimentos. Mas algo lhe fazia sentir culpa. O coração nem sempre se engana...
A polícia chegou ao local, interrogou-a. Ela nada respondeu, mas não precisava de confissão para ser detida, foi pega em flagrante. Minutos depois da chegada da polícia, a moça de antes aparece aos prantos e grita, desesperada, chamando por seu tio. Era uma sobrinha que a pouco veio visitar o tio carinhoso e brincalhão e agora o via estendido no chão. E a culpa da meiga e paciente assassina tinha um motivo.
De fato as aparências enganam.
terça-feira, 20 de maio de 2008
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As aparências enganam
Perdido por Isaac Marinho às 09:41
Marcadores: aparências, assassinato, paixão
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3 comentários:
Uau xD
Textinho mto bom \o/
Realmente, as aparências enganam ^^
Obrigado e volte sempre!
Desculpe-me pela demora...
Pois é, aparências são apenas aparências. Nenhuma atitude extrema deve ser tomada com base na lógica dedutiva e, nesse caso tal atitude não deveria ser tomada de jeito nenhum.
=S
Boa leitura!
Fique com Deus.
Obrigado e volte sempre!
Desculpe-me pela demora...
Pois é, aparências são apenas aparências. Nenhuma atitude extrema deve ser tomada com base na lógica dedutiva e, nesse caso tal atitude não deveria ser tomada de jeito nenhum.
=S
Boa leitura!
Fique com Deus.
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