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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pensandecido



Pelas frestas da janela vejo a rua, 
Observo a velha praça, seminua, 
Que se cobre apenas de alguns mendigos; 
Nem parece a mesma praça dos domingos.

A cidade está dormindo, ao que parece, 
E o vento passa uivando uma prece. 
Talvez peça pela gente que se deita 
Nesses bancos — nessas “camas” tão estreitas — 
Que usa folhas de jornal qual cobertor, 
Como o pobre que um garoto incendiou.

Não sei como pode se viver assim... 
Tenho um quarto acolchoado só pra mim; 
E por que eles precisam não ter teto? 
Por que dormem nesses bancos de concreto?

Mesmo um homem como eu, lélé da cuca, 
Sabe que eles não merecem essas ruas; 
E as crianças, que hoje brincam de usar droga, 
Deveriam estar todas na escola.

Mas essas ideias são de um maluco, 
Coisas que eu vejo, ouço e enculco. 
Talvez nem mereçam sua atenção; 
Importante é uma tal de “eleição”. 
Sua vida não tem nada a ver com isso, 
Mas e se você acordasse mendigo?


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