Pelas frestas da janela vejo a rua,
Observo a velha praça, seminua,
Que se cobre apenas de alguns mendigos;
Nem parece a mesma praça dos domingos.
A cidade está dormindo, ao que parece,
E o vento passa uivando uma prece.
Talvez peça pela gente que se deita
Nesses bancos — nessas “camas” tão estreitas —
Que usa folhas de jornal qual cobertor,
Como o pobre que um garoto incendiou.
Não sei como pode se viver assim...
Tenho um quarto acolchoado só pra mim;
E por que eles precisam não ter teto?
Por que dormem nesses bancos de concreto?
Mesmo um homem como eu, lélé da cuca,
Sabe que eles não merecem essas ruas;
E as crianças, que hoje brincam de usar droga,
Deveriam estar todas na escola.
Mas essas ideias são de um maluco,
Coisas que eu vejo, ouço e enculco.
Talvez nem mereçam sua atenção;
Importante é uma tal de “eleição”.
Sua vida não tem nada a ver com isso,
Mas e se você acordasse mendigo?
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