Ao olhar aquela triste folha, amarelada pelo tempo, pendendo num fino fio que insistia em ligá-la ao galho, vi minha própria existência e saudei com respeito aquela folha moribunda.
Tão passageira é a vida que nem nos damos conta da brevidade dos nossos dias, quando tentamos calculá-los já pusemos um pé na cova e, o outro prepara-se para chegar lá.
A infância, despreocupada e doce, anseia tanto pela juventude que passa como um raio. A juventude é igualmente efêmera e esvai-se enquanto nos prendemos às frivolidades. Chegamos à idade adulta e as preocupações nos tomam a mente: cuidados com o trabalho, família & Cia, caso não nos tenham roubado uma das fases anteriores, ocupam os dias dessa fase da vida. Enfim, já velhos, sentimos o peso dos dias perdidos de cada fase anterior e, enquanto pensamos em quanto tempo perdemos a morte chega-se tão devagarinho e, depressa, nos leva.
Mas aquela folha não pensava assim, pendia presa por um fio, talvez um fio de esperança de que fosse notada na passagem por essa efêmera vida.
Aproveitar cada momento dessa vida, não gastar um instante sequer com futilidades. Fazer de cada queda uma lição, de cada sonho um objetivo, de cada obstáculo um trampolim para saltar adiante e continuar vivendo, ainda que seja apenas um fio de vida que nos reste... talvez viver seja algo assim. Aquela folha é que o sabia.
terça-feira, 24 de junho de 2008
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A folha
Perdido por Isaac Marinho às 22:35
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