Não sei de que são feitos
Os sonhos que sequer sonhei
Só sei dos meus anseios
E anseio por saber por que
A vida é tão pesada
E dura e tantas coisas mais
É uma canção frustrada
Na boca de um bom rapaz
É um lenço na cabeça
Seja por bem seja por mal
É um baile ensaiado
De máscaras de carnaval
É um terço na mão boba
Expressa fé, mas fé em quê?
É qual notícia boa
Que nunca não passa na tevê
É trave, é prego, é lança
Suor e sangue, pranto e morte
A vida é uma criança
Que sonha ser alguém mais forte
Um dia acordei velho
Pensei que era pesadelo
E a vida disse aos berros
Que eu dormi do fim pro meio
Que andei de trás pra frente
Que fiz papel de passar mal
Que vivi crendo e crente
Apostatei já no final
Vendi a esperança
Em troca de algum prazer
Matei minha criança
E fiz um velho eu nascer.
sexta-feira, 27 de outubro de 2017
Envelhecendo
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Isaac Marinho
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terça-feira, 17 de outubro de 2017
Psicose
Os loucos só sonham com a vida normal
Com o mundo real, tudo normalizado
Sonham homens, mulheres da vida real
Sonhos todos reais, tudo realizado
Sonham casas, famílias e empregos normais
Sonham o ideal, tudo idealizado
Sonham tudo o que existe de bem e de mal
Sonham com todo caos desse mundo ordenado
Sonham tanto que acordam sem ar e sem paz
Sonham serem normais e acordam surtados.
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Isaac Marinho
às
21:48
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quinta-feira, 26 de março de 2015
Dia desses
Atílio, Nestor e José conversando sobre a dura vida do brasileiro.
Atílio, revoltado, resmungou:
— E o preço da gasolina, hein, Nestor?!
Nestor, indiferente diz:
— Sei lá, Atílio. Ando de bicicleta ou a pé. Não vejo diferença.
Agora, me diz uma coisa, José. E essa cesta básica, hein? Tá quase virando punhado básico…
José interrompe:
— Não me faz falta, Nestor. Passo fome desde a inauguração de Brasília. E se eu tivesse dinheiro pra um litro de gasolina que fosse, ensoparia meus trapos e tacaria fogo em meus restos viventes…
Atílio e Nestor exclamam a uma:
— Com que isqueiro?!
— Com que fósforos?!
José responde com um sorriso maroto:
— O que não faltam são bitucas, caros amigos.
Todos suspiram aliviados. E cada um vai para sua mansão, casa e praça, respectivamente.
Obs.: O aniversário de José e de Brasília é coincidente, nada mais que isso. Vai dizer que nenhum brasileiro sofredor nasceu naquele 21 de abril de 1960?
O triste é que o José vem sofrendo desde o berço (se é que ele teve um).
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Isaac Marinho
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23:14
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