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quinta-feira, 20 de maio de 2010

Não soube mentir



Eu não sei contar mentiras. Um dia eu quebrei um vaso e disse à dona: “Um amigo seu quebrou seu vaso…”. Como só eu e ela estávamos em casa, ela disse: “Foi você!”. E eu: “Pois é, mas não esqueça de que eu sou seu amigo…”. Rimos muito da minha cara de “sei que não vai colar…”. Daí ela saiu da sala por um instante e quando voltou trouxe uma bisnaga de cola, e colamos o vaso.

O tempo passou, mas eu não aprendi a contar mentiras. Um dia ela estava triste, parecia uma desvalida, e resolvemos sair pra passear. Conversávamos baixinho, na maior parte eu apenas escutava, e ela desmanchou-se em lágrimas enquanto lamentava sua infelicidade no amor. De repente ela gritou: “Ninguém me ama, ninguém me quer!”. E eu, arrancando algumas flores que pendiam do muro de uma casa, gritei para ela: “Um dos teus amigos te ama, te quer, e ele mandou entregar estas flores!”. Ela as recebeu sorrindo, e enquanto se desfazia das lágrimas que ainda lhe sobraram, disse: “Mas só pode ser você!”. E eu, com minha cara de “pelo menos uma vez na vida eu consegui fazer isto!”, confirmei tudo, e começamos a namorar.

Mas contar mentiras não era o meu forte... e um dia ela me pegou abraçando uma outra garota, que eu acabara de conhecer e de quem logo me afeiçoara. Ela não aceitou explicações naquela hora, apenas tocou no meu ombro e, quando me virei para ver, tomei um belo tapa. Logo em seguida ela correu feito uma louca, nem se preocupou com trânsito nem nada, me forçando a ir em seu encalço. Estávamos oficialmente "brigados".

Quando ela me deu alguma oportunidade de conversar, eu (ainda sem saber contar mentiras) disse a ela que a garota do abraço era minha irmã por parte de pai (ele, sim, sabia mentir…), e que havíamos nos conhecido naquele dia. Ela não acreditou, disse que eu estava mentido, mas eu não estava. E continuamos de mal.

Minha meia-irmã me pediu desculpas, eu disse que não havia do que se desculpar. Ela até quis falar com o então quase “ex-primeiro-único-e-grande-amor” da minha vida, mas eu pedi que ela não o fizesse. Se a minha quase ex-garota não acreditava em mim, tampouco acreditaria na minha suposta amante. E prosseguimos afastados, porém não definitivamente separados.

A situação era complicada, ela esperava um pedido de desculpas por algo que eu não havia cometido. Ela queria que eu dissesse: “Eu te traí, meu amor. Perdoe a minha fraqueza…”. Mas, como eu já disse, eu nunca soube mentir. Enfim, perdi o “primeiro-único-e-grande-amor” da minha vida.


7 comentários:

Débora Eduarda disse...

Sabe Isaac, a cada dia você sobe em meu conceito. A forma como você escreve, a paixão que o faz escrever, a coesão, a coerência, a concordância e a conectividade passam além das linhas de seu texto, envolvendo nossos olhos como uma corrente frenética que não os permite parar. É emocionante ler cada linha dos seus textos, uma nova descoberta, uma nova visão, um novo mundo. Obrigada por me fazer enxergar esse novo lugar dentro de mim ;)

Isaac Marinho disse...

Eu não mereço tanto...

Bom te ter por aqui, "abelhinha"! ;)

Seu comentário me deixou sem palavras... mas eu tenho que agradecer.

Sou grato por sua amizade, por sua consideração, enfim, por tudo! =)

Obrigado pela visita e pelo comentário!

Volte sempre! (sempre mesmo! =D)

Abraços.

Anônimo disse...

Isaac, além do texto impecável que vc escreveu, o que mais me comoveu foi a sua sinceridade... Para algumas pessoas, mentir é um hábito, mas para você a mentira não encaixa, porque seu coração é puro e você sabe disso. Embora a verdade não tenha resolvido o seu problema, apenas o fato de você exprimi-la já o torna uma pessoa especial!
Aqui está uma frase de Voltaire que se vc analisar bem, pode até se sentir melhor: "Ama a verdade, mas perdoa o erro."
Boa sorte e continue arrasando com o blog :)

Isaac Marinho disse...

Olá, Isabella! =)

É, eu procuro ser sincero. O texto contém uma boa dose de ficção, mas o ponto central (um relacionamento que acabou por ausência de mentiras) é verdade...

Às vezes a mentira é mais crível que a verdade, e a sinceridade nem sempre leva vantagem sobre a hipocrisia. Mas é isto:

A vida ensina a duras penas:
Quem vive a vida sem problemas,
Morre e não pega na lição.

Eu precisava aprender aquela.

Vocês sabem mesmo como motivar alguém. =) Só me fazem ter vontade de escrever mais e melhor.

Obrigado por mais esta visita e pelo comentário.

Volte sempre!

Bom final de semana!

Abraços.

Isaac Marinho disse...

Olá, Isabella! =)

É, eu procuro ser sincero. O texto contém uma boa dose de ficção, mas o ponto central (um relacionamento que acabou por ausência de mentiras) é verdade...

Às vezes a mentira é mais crível que a verdade, e a sinceridade nem sempre leva vantagem sobre a hipocrisia. Mas é isto:

A vida ensina a duras penas:
Quem vive a vida sem problemas,
Morre e não pega na lição.

Eu precisava aprender aquela.

Vocês sabem mesmo como motivar alguém. =) Só me fazem ter vontade de escrever mais e melhor.

Obrigado por mais esta visita e pelo comentário.

Volte sempre!

Bom final de semana!

Abraços.

isabellanucci disse...

Isaac, além do texto impecável que vc escreveu, o que mais me comoveu foi a sua sinceridade... Para algumas pessoas, mentir é um hábito, mas para você a mentira não encaixa, porque seu coração é puro e você sabe disso. Embora a verdade não tenha resolvido o seu problema, apenas o fato de você exprimi-la já o torna uma pessoa especial!
Aqui está uma frase de Voltaire que se vc analisar bem, pode até se sentir melhor: "Ama a verdade, mas perdoa o erro."
Boa sorte e continue arrasando com o blog :)

Debynha. disse...

Sabe Isaac, a cada dia você sobe em meu conceito. A forma como você escreve, a paixão que o faz escrever, a coesão, a coerência, a concordância e a conectividade passam além das linhas de seu texto, envolvendo nossos olhos como uma corrente frenética que não os permite parar. É emocionante ler cada linha dos seus textos, uma nova descoberta, uma nova visão, um novo mundo. Obrigada por me fazer enxergar esse novo lugar dentro de mim ;)

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