Eu estava um bocado triste, muito preocupado e com poucas chances de resolver tantos problemas de uma vez só. Resolvi dar uma volta de carro. Saí como se fosse para algum lugar, indo para lugar nenhum.
Passei um sinal fechado e quase atropelei uma velhinha em cima da faixa de pedestres, só descobri isso depois que a multa chegou.Mas eu estava querendo acabar com a minha vida e, não com a dos outros. Pratiquei direção perigosa em várias modalidades, estive perto de bater em outros veículos, mas não consegui me destruir. Até achei que mesmo se o carro batesse eu escaparia.
Continuei vagando, só parei pra reabastecer. Saindo do posto, tomei uma rodovia federal, ia correr até onde desse pra fazer minha vida parar. E segui assim até que pensei em desistir de tudo, largar o carro ali mesmo e esperar a morte chegar. Pedi uma resposta a Deus. Nunca lembrava dele, mas nessas horas a gente apela pra tudo. Não demorou, veio a resposta: Siga em frente! Era uma placa comum (apesar de inesperada) plantada à margem da rodovia, mas eu interpretei que devia continuar a viver.
Fiquei tão feliz com a resposta que fiz uma curva sem querer. Entrei numa estrada a esquerda e nem percebi, apenas pensava na "resposta". De repente vi uma luz muito forte, quase fiquei cego. Daí eu disse:
- Deus, eu entendi a resposta da placa. Não precisa explicar pessoalmente.
Acordei duas semanas depois num hospital, com várias fraturas e muita vontade de viver.
Deus não queria mesmo que eu tivesse feito aquela curva.
quarta-feira, 28 de maio de 2008
Siga em frente
Perdido por Isaac Marinho às 11:10 8 comentários
sexta-feira, 23 de maio de 2008
Não queria que tivesse sido assim
Eu não sou a sombra que você viu. Eu não sou a luz que você queria ver. Sou um vulto triste passando nesse teu olhar cheio de lágrimas que eu não quis provocar, mas provoquei. Sempre fui aquele medo de que tudo desse errado, mesmo quando tudo parecia que ia dar certo. Sou a dúvida que esfria o teu amor, que apaga tua paixão. Não queria ser assim, mas sou o avesso do que eu quis pra mim, do que eu quis pra nós.
Nem poema nem canção, sou conversa de bar: Dispensável, mas sempre presente. Nem sonho nem pesadêlo, sou a personificação da insônia que te secou os olhos durante as noites e te trouxe lágrimas durante as manhãs. Não queria ser assim, mas faz parte de mim e não consigo mudar.
Quando você precisou de um ombro pra chorar, dei de ombros e te deixei na mão. Quando precisou de conselhos, te dei desaforos. Quando você quis sorrir, te fiz chorar. Não queria te fazer sofrer, mas nem sempre consigo ser normal. Tenho que ser esse monstro, preciso ser essa aberração. Uma coisa é certa, você não foi a primeira a se decepcionar comigo, mas foi a única que me aturou por mais de uma noite e uma manhã.
Meus vícios te incomodavam e eu nem aí. Nunca cumpri horários, nunca lembrei do teu aniversário. Chegar atrasado é pouco, às vezes eu nem aparecia. E você me suportando, até que eu disse: Basta! Não precisa viver assim, até eu tou com raiva de mim. Seja feliz!
E você se foi e foi feliz, mas eu não queria que tivesse sido assim.
Perdido por Isaac Marinho às 00:28 0 comentários
Marcadores: decepção, lágrimas, perda, sofrimento
terça-feira, 20 de maio de 2008
As aparências enganam
As mãos tremiam, frias e suadas. Era a sua primeira vez, a primeira vez que matava alguém. Aquele sentimento novo era um misto de liberdade e culpa, ela sentía-se diferente da menina meiga e paciente que sempre foi. Agora parecia mais forte. Será? Na verdade tinha uma aparência ameaçadora. Olhos esbugalhados (não acreditava no que havia feito), postura que lembrava um zumbi (o fato de ser esguia ajudava nesse sentido), cabelos engrenhados, andar trôpego. Não era uma heroína, era uma menina meiga e paciente que havia matado alguém e, estava tão assustada com isso que se transfigurara.
Quantas vezes havia passado por aquele caminho e quantas vezes havia cruzado com aquele homem? Ele sempre a elogiava e, apesar de ele ser um homem e ela uma bela jovem, nunca havia se insinuado para ela. A respeitava como a uma filha. Ela por sua vez o admirava muito, o via como um grande homem, um herói. Ela o amava secretamente, sentía-se presa àquele sentimento e temia que fosse a público. Não queria que ele soubesse, pois ele era mais velho que ela e não faria caso dos seus sentimentos, assim ela pensava. E quanto mais o tempo passava, mais aumentava a força daquele sentimento, agora havia ciúme, a paixão tomara conta dela. Sabe-se que certos sentimentos quando não expressados tornam-se mais fortes, crescem desordenadamente como células cancerígenas. As conseqüências daquele turbilhão de sentimentos eram imprevisíveis, mas aparentemente ela se continha.
Naquele fatídico dia, ela estava passando pelo caminho de sempre quando o viu de mãos dadas com outra moça que aparentava ter a sua idade. Ele a tratava carinhosamente, fazía-lhe cafunés, ambos riam muito, pareciam mais um "casal satisfeito". Ela não suportou ver aquela cena. Sempre se esquivara de declarar o que sentia, achava que não seria levada a sério, mas agora havia visto uma moça como ela sendo tratada carinhosamente pelo homem ao qual amava.
"Se não pode ser meu, não será de ninguém!". Com essa frase ela retornou a sua casa, tomou a arma de seu pai, voltou ao local onde a cena ainda se desdobrava e, quando os dois se despediram, esperou que a moça tomasse um ônibus e aproximando-se do amor da sua vida, matou-o friamente. Atingiu-o a queima-roupa no peito. E agora estava lá, parada junto ao corpo, sentido-se livre da prisão dos sentimentos. Mas algo lhe fazia sentir culpa. O coração nem sempre se engana...
A polícia chegou ao local, interrogou-a. Ela nada respondeu, mas não precisava de confissão para ser detida, foi pega em flagrante. Minutos depois da chegada da polícia, a moça de antes aparece aos prantos e grita, desesperada, chamando por seu tio. Era uma sobrinha que a pouco veio visitar o tio carinhoso e brincalhão e agora o via estendido no chão. E a culpa da meiga e paciente assassina tinha um motivo.
De fato as aparências enganam.
Perdido por Isaac Marinho às 09:41 3 comentários
Marcadores: aparências, assassinato, paixão
quinta-feira, 15 de maio de 2008
Sem título
Eu comecei a escrever este texto pensando no que poderia escrever. Eu poderia escrever sobre as belezas naturais do nosso país ou sobre a devastação de nossas matas, poluição dos nossos rios, extinção de várias espécies de nossa fauna. Poderia criar várias linhas defendendo os "avanços" da nossa economia ou colocar outras tantas que mostrassem como isso não influi nem contribui (positivamente) para o bem estar da multidão dos nossos menos favorecidos (i.e. pobres e mizeráveis). Poderia discorrer sobre os padrões da nossa educação (se é que existem) ou escrever um texto de deboche sobre o líder da nação que vive a torturar a nossa língua portuguesa (se bem que quase ninguém por aqui sabe falar bem, mas ele exagera). Poderia falar dos nossos digníssimos representantes políticos, tão pratiotas quanto nós, tão bem intencionados quanto nós, tão mentirosos quanto nós, afinal são brasileiros (e não desistem nunca?). Mas não vou perder meu tempo falando dos problemas dos políticos, pois eles também não perdem tempo discutindo os problemas do povo.
Bem que eu poderia dedicar o texto aos últimos furos de reportagem, falar de qualquer casal que matou uma criança, falar da descriminalização da maconha, falar dos prós e contras do regime de cotas. Poderia fazer um jornal, nem muito sensacionalista (já basta os que circulam por aí) nem muito realista, pois a realidade é pior ainda (dependendo do contexto, é claro).
Eu poderia digitar trocentas linhas sobre realidades e ilusões, experiências e expectativas, sonhos e pesadelos 'etc' e 'tal' (piada boba). Mas não vou escrever sobre nada do que citei, nem sobre assuntos que você esteja pensando. Na realidade eu queria escrever mesmo é sobre o que eu poderia escrever e, nem listei muitos temas pra não criar um monstro de letrinhas.
Pois bem, aí está o texto sobre o que eu poderia escrever. Boa leitura!
Perdido por Isaac Marinho às 12:15 0 comentários
sábado, 10 de maio de 2008
Feliz Dia das Mães
Lembre-se de que ela já te carregou no colo, passou noites sem dormir para que você dormisse bem. Quando você veio ao mundo, o mundo dela mudou. Ela tinha que te dar atenção e ela sabia bem como fazer isso.
Lembre-se de que ela sempre soube o que era melhor pra você, os conselhos dela até hoje te servem. Ela foi a tua primeira professora, te ensinou a andar e a falar. Ainda hoje ela te dá lições importantes.
Lembre-se de que ela também foi tua enfermeira e médica, e nenhum desses profissionais teria tanto cuidado como ela sempre teve com você. Ela ainda se preocupa com você e ainda cuidaria de você com o mesmo carinho.
Enfim, só mesmo uma mãe sabe como cuidar bem dos filhos. Agradeça à sua mãe por tudo o que ela te fez.
A todas as mães um Feliz Dia das Mães!
Perdido por Isaac Marinho às 11:16 0 comentários
sábado, 3 de maio de 2008
[Fwd] MEME
Olha o MEME aí.
O objetivo é criar uma frase com os nomes dos parceiros do blog.
Fui encomendar algumas peças de artesanato no Ateliê Virtual e acabei passando no Templo do Paladyno, onde dizem que foram achados os Textos Perdidos.
Perdido por Isaac Marinho às 21:36 2 comentários
Marcadores: MEME
Para a mãe
Havia um brilho no sorriso dela que ninguém sabia definir, era lindo aquele sorriso. Ao pegar a primeira “cria” nos braços, sorriu como nunca. Parecia ter conquistado o mundo.
Ela sempre foi especial, além de bela era inteligente e tinha uma presença de espírito que a tornava venerável. Às vezes era misteriosa, parecia saber de tudo, parecia prever os fatos, parecia dominar o tempo. Mas o tempo foi passando e vieram outros tantos filhos, a prole chegava a cinco crianças e por aí parou.
Mas vida dela não parou por aí. Tinha que criar os filhos. E foi trabalhar, mas os filhos estavam ali precisando da atenção que só ela podia dar. Ela fazia o que podia para cuidar dos cinco. E o tempo continou correndo...
Ela agora parecia cansada, os filhos crescidos aprenderam a ler e escrever e, mais tarde, a trabalhar (correram com o tempo). Hoje a filha mais velha já é mãe, o segundo filho casou-se, o terceiro está para casar e os dois mais novos conseguiram ingressar no ensino superior, buscam uma graduação. E ela? Ela agora é avó e ajuda a cuidar da neta. A vida vai seguindo...
O brilho daquele sorriso está um tanto ofuscado, as mãos esforçadas estão cansadas, há rugas no rosto, marcas do tempo. Por mais que o tempo passe, por mais que ele corra, ainda assim ele não pode ofuscar, apagar ou fazer-nos esquecer de um fato:
- Ela é a nossa mãe e nós a amamos!
Um dos teus filhos escreve por todos (um por todos e todos por um!).
Perdido por Isaac Marinho às 20:57 3 comentários