Há coisas que escrevo
Duas linhas ou dois versos;
Então deixo por fazer, entende?
Há dias que começo
Mal dormido e mal desperto;
Então deixo por viver, entende?
Há sonhos que esqueço,
Sejam bons ou pesadelos;
Então deixo por reter, entende?
Há noites que, coberto,
Me reviro e olho o teto;
Só pensando em você, entende?
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Entenda
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sábado, 24 de dezembro de 2011
Presépio
José,
Belém,
Estábulo,
Manjedoura,
Panos,
Menino,
Pastores,
Anjos,
Natal.
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
Desplante
O tráfego
Do tráfico
Nas vielas
Das favelas
É constante
E vil desplante
Aos que vivem
Dentro delas.
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Das pessoas
Amável mente;
Brava mente;
Calma mente;
Digna mente;
Esperta mente;
Fútil mente;
Gentil mente;
Honrada mente;
Inteligente mente;
Justa mente;
…
Linda mente;
Mentirosa mente;
Neutra mente;
Organizada mente;
Pura mente;
Quadrada mente;
Rica mente;
Santa mente;
Tirana mente;
Usurpadora mente;
Verdareira mente;
Xenofóbica mente;
…
…
Zelosa mente;
…
Todas mentem.
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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Vinte e oito
Este mês faço os vinte e oito. Fico a dois anos dos trinta e nem sei o que fazer da vida.
Eu bem que podia pular logo pra os noventa e tantos, esperar a morte chegar e abraçá-la, tranquilo, na sua chegada. Mas não, a vida tem essa coisa de querer ser vivida. E a gente vai vivendo.
Eu nunca me senti tão sem perspectiva. Tão sem sonhos, tão sem planos. Essas besteiras que a gente inventa pra tentar seguir em frente sem lembrar que nada faz sentido.
Ando meio amargo e, como não sou chocolate, isso não é nada bom; só piora as coisas. Sei lá.
Deixa chegar os vinte e oito, pra eu ver se muda alguma coisa. Talvez meus superpoderes se manifestem e, enfim, eu volte para o meu planeta... Por que não?
Não é nada estranho eu dizer essas baboseiras enquanto espero mais um aniversário. Estranho seria eu dizer que gosto de fazer aniversário, que espero ter uma festa ou que acho que a vida faz sentido.
Eu não acho nada. Só espero que os vinte e oito sejam bons comigo ou, pelo menos, não tão malvados como os vinte e sete, que já basta de trezentos e sessenta e cinco dias, cinco horas, quarenta e nove minutos e doze segundos de quase nada mudando pra melhor a cada ano.
Enfim, que venham os vinte e oito! E que venham em paz.
—
É, sou dezembrino.
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Recordo
Esqueço das feiras
Da praça das freiras,
Da cor das paredes
Da casa das redes.
Esqueço o caminho,
O gosto do vinho
E a voz da menina,
Do bar da esquina.
Esqueço a fome
E até o meu nome;
Mas nunca esqueço
Teu rosto travesso,
Que me faz insone.
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quinta-feira, 24 de novembro de 2011
Apaixonado
Há aflição no meu sorriso
E o ar me falta de repente;
Não é por estar indeciso
Ou por negar completamente.
É que não sei dizer o quê,
Mas algo me faz ser assim.
Quando estou perto de você,
Deixo de ser dono de mim.
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quarta-feira, 26 de outubro de 2011
Chiara
Clara é a tua fala,
Tua pele e tua alma.
Claros são os teus cabelos
E os teus olhos, quais espelhos.
Clara, a vida fica clara,
Refletida em teu olhar.
Tu és clara, toda clara;
Não há como não te amar.
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quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Caminhante
Vou caminhar
E ando descalço;
Danço no asfalto
Sem me importar.
Piso no ar,
Dou passo em falso;
Deito no espaço,
Penso em parar.
Entro no mar,
Sinto um abraço
E o meu cansaço
A me deixar.
Sem me apressar,
A voz desato,
Meu canto alço:
Posso voar!
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quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Amor de mochileiro
Levo na mochila
Um amor adormecido.
Ele só cochila
Até ser interrompido
Por abraços ou olhares,
Cafunés de querer bem.
Se acorda, se entrega,
Esse amor que é de ninguém.
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sexta-feira, 5 de agosto de 2011
Desalado
Cortaram-me as asas
Com cega navalha.
Agora não voo
Nem canto,
Nem rio.
Choro.
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quinta-feira, 28 de julho de 2011
Despistando
Despiu-se, enfim.
A fim de despistar
A dúvida do olhar,
Deitou-se assim.
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segunda-feira, 18 de julho de 2011
Com o coração nos pés
Guardei meus sentimentos
Na gaveta das meias
E por esquecimento
Usei minhas tristezas;
Em um dia de festa,
Me amargurei à bessa
E abandonei a mesa.
Lembro de outro momento
De engano parecido;
No dia de um encontro
Usei meu egoísmo,
E ao ver-me insatisfeito
Achei-me no direito
De ser mui insensível.
Relembro alguns eventos
Que foram positivos;
Recordo de um dia
Que usei meu altruísmo
E indo até a praça
Distribuí, de graça,
Casacos aos mendigos.
Passado um bom tempo
E eu tendo percebido,
Desfiz a confusão
E segui meu caminho;
Mas nunca me esqueço
De quando usei meu medo
E fugi dos vizinhos.
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sexta-feira, 8 de julho de 2011
Felicidade faceira
Felicidade passou por mim,
Olhou sobre o ombro
E sorriu;
E se foi
E sumiu,
E eu fiquei a ver navios,
A ver as nuvens
A verter lágrimas.
Eis a verdade fria e pálida:
Felicidade, se é dádiva,
É semelhante à mulher;
Pois é tão linda e desejável,
Mas só é dada a quem não quer.
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quarta-feira, 6 de julho de 2011
Vestígios
Punhos cerrados
Sobre a mesa vazia;
Olhos fechados,
Sem querer ver o dia;
Ombros caídos
Sob o peso da dor.
Eis os vestígios
Dessa falta de amor.
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quarta-feira, 29 de junho de 2011
Dos erros e acertos
Erros e acertos,
Todos fazem parte
Da ciência e arte,
Do crer e descrer,
Vestir e despir,
Refletir e intuir,
Viver e morrer.
Na Terra, em Marte
Ou em qualquer parte,
Erros e acertos
São causa e efeito
Da nossa catarse.
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quinta-feira, 23 de junho de 2011
No que penso
Penso no amor,
No brilho do seu sorriso
E no calor
Dos abraços que pedimos
Um ao outro, sem o peso
De querer não querer mais;
Sem a dúvida ou certeza
De saber o que é amar;
Sem o medo do abismo
Que existe em se entregar
Sem saber o que é preciso,
Além de querer amar.
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sábado, 11 de junho de 2011
Ajustando
Vou reescrever meus poemas;
Talvez só modificá-los.
Já que tivemos problemas,
Penso em readequá-los.
Não vou mudar muita coisa,
Questão de integridade;
Mas onde houver o teu nome,
Para que em vão não o tome,
Grafarei Felicidade.
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quinta-feira, 2 de junho de 2011
Deixe estar
Deixe o vento levar a incerteza;
Deixe a chuva lavar a tristeza;
Deixe tudo voar e cair;
Deixe estar, que a vida é assim.
Deixe o mar afogar a amargura;
Deixe a brisa tocar com brandura;
Deixe tudo chegar e partir;
Deixe estar, que a vida é assim.
Deixe o Sol aquecer sua vida;
Deixe a Lua encerrar sua lida;
Deixe tudo acordar e dormir;
Deixe estar, que a vida é assim.
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domingo, 29 de maio de 2011
Faça-me o favor
Eu queria escrever uma carta,
Mas só tenho papel pra bilhete;
Eu espero que você aceite
E entenda essas letras borradas.
Não escrevo pedindo desculpas
Nem dizendo que quero outra chance
— não pretendo ser mais seu amante —
Eu só peço que não seja ingrata,
E devolva aquela gravata
Que deixei sobre a sua estante.
quinta-feira, 26 de maio de 2011
Pensando em círculos
Pensamento fez nascer mais uma ideia,
Coisa que parece boba, mas é séria;
Tem a ver com meus sucessos e fracassos
E aborda a insegurança dos meus passos.
Eu achei por bem deixá-la mais madura,
Para então colhê-la muito mais segura;
Mas paciência não é coisa que se compra
E a minha não estava assim tão pronta.
Desisti de esperar melhor momento
E colhi a minha ideia em argumento
E ele não se demonstrou tão consistente
E eu voltei ao pensamento novamente.
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domingo, 22 de maio de 2011
Pensando fora da caixa
Velha caixa de sapatos,
Penso fora de você.
Penso além do seu espaço;
Penso em meias e cadarços.
Sei que ainda sou calçado,
Mas não fico limitado
Ao que devo parecer.
Velha caixa de sapatos,
Sinto muito por você.
Quer conter em seu regaço
Tudo o que penso ou faço.
Abandone o que é passado!
O fato de eu ser calçado
Não depende de você.
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quinta-feira, 19 de maio de 2011
Alice
Foi você quem disse
Que me amar foi uma burrice;
Eu só concordei
Pra não te ofender.
Só você insiste
Em negar o que ainda existe;
E eu não me oporei
Por não ver porquê.
E essa esquisitice
De querer que a gente brigue;
Ignorarei,
Por amar você.
Se você se visse
Emburrada assim, Alice,
Ia entender
O meu bem querer.
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quarta-feira, 11 de maio de 2011
Perturbações
Perturbação da mente, dos sentidos, dos sentimentos…
Me perco em meio aos zumbidos do coração tão desatento
Da vida que se vai perdendo e talvez ganhando de tempo em tempo.
Perturbação da gente, dos oprimidos, dos sem alento…
Se perdem num mar de bandidos sem coração nem sentimento;
E a vida que vão perdendo, nunca ganhando, lhes rouba o tempo.
Perturbação demente, sem sentido nem movimento…
Perdidos, viramos zumbis de coração tão violento,
Que vida se foi perdendo e o que ganhamos? Só sofrimento.
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domingo, 8 de maio de 2011
Mãe
Em face às possibilidades,
Contra os fatos e evidências,
Contra as vozes das verdades,
Contra as falas das ciências,
Ela sorriu…
E o seu sorriso explodiu
No que uns chamam de demência
E outros chamam de milagre.
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quarta-feira, 27 de abril de 2011
Medo das mudanças
Eu tenho medo de altura. Nada que me faça muito mal. Às vezes passo sobre uma ponte e sinto minhas pernas pesarem, sinto uma tontura. Parece um pouco com a sensação de levar um soco no estômago, mas sem a dor. É isto.
O medo de altura nunca me impediu de passar por pontes ou de subir escadas, muros, telhados, árvores, postes etc. Às vezes eu penso que sou meio louco. Sinto todo aquele desconforto, e o corpo me diz pra desistir, mas eu enfrento o medo e subo.
Mas por que eu estou falando sobre isso? Deixe-me ver… Lembrei! É porque há outras situações nas quais eu experimento o mesmo sentimento provocado pelo medo de altura.
Se estou falando com uma pessoa ao telefone e ela desliga sem dizer nem “Tchau!” ou se eu digo algo e a pessoa não entende e fica muito chateada, estas coisas eu experimento com o mesmo desconforto de ter subido a uma altura vertiginosa. É estranho, mas é isso que ocorre.
Se alguém diz algo que seja capaz de me ofender ou se me sinto ameaçado por algo, vem aquela sensação de estar num avião, prestes a pular e sem saber se o paraquedas realmente vai funcionar. As mudanças bruscas no curso dos fatos me fazem sentir assim, como se eu estivesse à beira de um precipício e não houvesse como voltar.
Mas o que me levou a pensar sobre tudo isso hoje… agora… neste exato momento?
Sei lá… Acho que foi a necessidade de entender porque eu ainda não me acostumei com o fato de a vida ser essa corrente imensa, na qual cada elo pode significar uma mudança absurda, e não há como chegar à outra ponta dela sem ter passado elo a elo. É isto.
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sexta-feira, 22 de abril de 2011
Do resto ao rosto
Comprou um sorriso,
Mas não lhe servia;
Trocar não podia,
Jogou-o no lixo.
Alguém que não ria
Passou pelo lixo;
Pra sua alegria
Achou um sorriso.
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Dor em Preto e Branco
A dor
É da cor
Do agredido
Ou do agressor?
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sexta-feira, 1 de abril de 2011
Mentira
“Você não me faz falta!”
“Eu nem sinto saudades!”
Digo isso em voz alta,
Na mais seca maldade.
Mas a mão da verdade
Interrompe o meu grito…
Em negar o que sinto,
A verdade é que eu minto.
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quinta-feira, 31 de março de 2011
Errando
É errando que se aprende
Que errar não é o suficiente
E se cobra a correção dos erros,
Que são louvados só os acertos,
Que a vida não tem dó da gente;
Que errar não faz ninguém contente,
É errando que se aprende.
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quinta-feira, 24 de março de 2011
Eu acredito
Eu acredito em você
Ainda que você não se creia
E queira desistir de viver;
Ainda que eu não saiba o porquê,
Eu acredito.
Eu acredito em você
Ainda que não haja motivo
E nada me ajude a crer;
Ainda que não tenha um porquê,
Eu acredito.
Eu acredito em você
Ainda que ninguém mais te creia
E mesmo que eu não queira mais crer,
Eu acredito.
Eu acredito em você
Ainda que pareça esquisito;
Talvez porque eu me veja em você,
Eu acredito.
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segunda-feira, 14 de março de 2011
Poetizando
Versifico as ideias,
Poetizo desatinos.
Alimento as quimeras
Com meus versos imprecisos.
Vôo acima das estrofes,
Faço ares de deboche,
Versejando em descaminhos.
Não me tenho por poeta,
Mas, se sê-lo é minha meta,
Poesia é meu destino.
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quarta-feira, 9 de março de 2011
Verso triste
Um verso triste
Que eu não quis escrever,
Que nem devia existir,
Insiste em me entristecer.
Ele resiste,
Ficando em vez de partir;
Faz o meu peito doer,
O verso que eu fiz pra ti.
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quinta-feira, 3 de março de 2011
Tenda dos milagres
Um homem faz milagres numa tenda,
Vestindo umas roupas engraçadas,
Aos pobres ele leva a riqueza,
Aos tristes, umas boas gargalhadas;
Aos sábios ele mostra a esperteza,
Aos tolos, uma tolice abençoada;
De muitos ele expulsa a tristeza,
Em outros ele infunde as risadas.
Há vida além das horas conturbadas
E é isso que ele quer que a gente entenda.
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terça-feira, 1 de março de 2011
Do mal que sofremos
Sofremos do mesmo mal
Todos, cada um, cada qual
Sentimos pena do ego,
Amamos os nossos vícios;
Nosso ‘bom senso’ é cego,
Nossa razão é hospício.
Nossas ideias são loucas
E as poucas boas — tão soltas —
Ladeiam um precipício.
Sofremos do mesmo mal
Todos, cada um, cada qual
Queremos ser os melhores
Naquilo que não fazemos
E o que fazemos é pobre,
Nosso esforço é pequeno.
Perdemos a nossa vida
E vendo que está perdida
Nem resgatá-la queremos.
Nós somos tolos mesquinhos
Seguindo por descaminhos,
Somos o mal que sofremos.
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segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Retalhos de felicidade
Acordei pensando que ainda dormia. Até tentei acordar daquele suposto sonho dentro qual despertara, mas foi tudo em vão. Eu já estava desperto, apenas precisava me dar conta de que, se fosse um sonho eu não sentiria uma dor tão real ao acertar a quina de um móvel com o dedão do pé. Assim, diante de tão contundente evidência de que não estava sonhando, larguei daquela leseira matinal e fui me lavar. Felicidade é acordar cedo e ter água disponível para se tomar um bom banho.
Olhei tanto para o meu reflexo no espelho, que senti que era capaz de conversar com aquele outro eu. Até tentei, mas o outro apenas imitava o movimento dos meus lábios, e tudo o que eu ouvia era a minha própria voz. Não tive as respostas que tanto queria, voltei a fazer a barba. Felicidade é terminar de fazer a barba e não ter nenhum corte no rosto.
Depois de me vestir fui tomar café (não sei se tem ordem certa para essas coisas, às vezes tomo café antes do banho ou entre o banho e o ‘me vestir’). Café com leite, pão francês e um bocado de fome. Felicidade é ter com que se quebrar o jejum.
Escovei os dentes e deixei a casa em paz e fui esperar pelo ônibus. Não demorou muito eu já estava a caminho do trabalho. Chegando lá fiquei pensando na satisfação que podemos encontrar nas pequenas coisas, e na nossa falta de atenção ao fato de que essas mínimas satisfações são alguns dos retalhos que compõem uma grande colcha chamada felicidade.
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terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
O canto da sereia
Os teus cabelos cacheados
Embaraçaram meus sentidos;
De resistir me vi cansado
E me entreguei ao teu fascínio.
Pelo teu canto encantado
Me veio um triste vaticínio:
Irei morrer de ser amado,
O amor será meu assassino.
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sábado, 19 de fevereiro de 2011
Confuso
Foi um dia desses,
Quase hoje ou ontem,
Não tenho certeza,
Mas choveu ou fez sol…
Houve uma conversa
Ou nem mesmo nos vimos
Ou eu te liguei
Ou foi você quem ligou…
Só sei que senti
O mundo inteiro girando
E eu, que era tonto,
Me senti muito sóbrio…
Lembro que rolou
Um sentimento estranho,
Só não sei dizer
Se foi amor e/ou ódio.
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domingo, 13 de fevereiro de 2011
Eu não sei
O que foi que me deu,
Eu não sei.
Não queria dormir,
Mas dormi;
Não quis mais acordar
E acordei.
Se sonhei com você,
Esqueci;
Se esqueci por querer,
Eu não sei.
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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Epifania
Tenho o mar todo num copo
E o céu no corpo inteiro;
O universo é meu passeio.
Devaneio é apelido,
Do que chamo tudo isso?
De viver sem ter roteiro,
De existir sem ser preciso.
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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Só por diversão
É divertido tentar
Ainda que fazer se mostre improvável;
É sempre mais divertido
Se o que se tenta é algo quase inatingível.
A alegria que dá
Levar a efeito um feito belo e memorável
É só a ponta do riso
Que enfeita o rosto de quem tenta o impossível.
Perdido por Isaac Marinho às 16:00 0 comentários
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terça-feira, 25 de janeiro de 2011
Pra que a pressa?
Há mais que sangue
Nas veias e artérias;
Há certas coisas
Que não são certas,
Que me seduzem
E que me fazem
Correr à bessa.
Há muito sangue
Nas vias aéreas,
E aquela coisa
De eu “sair dessa”,
Por mais que eu fale,
Já não me vale.
Pra que a pressa?
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domingo, 2 de janeiro de 2011
A gente
A gente faz de tudo;
A gente deixa alguma coisa por fazer.
A gente vai vivendo;
A gente segue nessa vida por prazer.
A gente joga e perde;
A gente tenta novamente até vencer.
A gente nunca esquece
Que a vida é bela e ela é feita pra viver.
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